terça-feira, 3 de maio de 2011

Poesia no Garimpo / My own lyrics

Enquanto termino meu trabalho de digitalização de VHS vasculho meu baú, pois os apetrechos que residem nele também são coisas para se apresentar aqui no garimpo em uma seção específica: O Baú Anônimo

Encontrei uns poemas que escrevi para canções no início dos anos 80. Eles guardam bastante relação com os dias atuais de instabilidade política e busca da paz mediante a Guerra. Este último acontecimento, embora não sabemos se é verdade o ocorrido, ainda não se vê argumentos incontestáveis, né, provas cabais de que o Osama foi assassinado, dando fim à sua perseguição pelos militares norteamericanos, vem a reforçar ainda mais esta relação, afinal, os textos tratam da época da Guerra Fria e da ameaça de explosões de bombas nucleares, ameaças que podem voltar à fazer parte de nosso cotidiano, haja vista os testes com tais armas que o Irã andou fazendo e, agora, o fato mencionado.

São dois poemas, duas canções, ambas as letras foram inspiradas no panorama da época e no filme O Dia Seguinte (The Day After. EUA, 1983) que vi no cinema quando lançado no Brasil –  até então, eu ainda via filmes norteamericanos no cinema. Uma produção não tão extraordinária quanto se comentava, mas que trouxe às pessoas, pelo menos no Brasil, a atenção, na ótica parcial americana, é óbvio, para esse grande problema mundial que vivíamos.
Cenas do filme The Day After

I found poems - in true: lyrics for songs - that i wrote in 1984, worried about The Cold War, and I found interesting start to the seccion "Baú Anônimo" here on the blog with them, due to the arise of the news about the death of Osama Bin Laden, which could bring to the world the same panorama that we lived at that time.

Seguem-se, então, os poemas.
The lyrics follows below.
POEMA 1

Vem que tu és esperada
Vem, pois não há mais jeito
A sua chegada
culpa de nossos defeitos.


Querem tingir o céu
com uma fumaça cinzenta.
Um destino cruel
e paz tão violenta.


Agora a Terra é vermelha (sangue)
e abriga tão sonolentos
soldados patrulheiros
e sentinelas sangrentos.


Não há mais florido,
não há o que ser chamado.
Está tudo perdido,
está o mundo acabado.
 
(A Guerra. AAVítor, 1984)
POEMA 2

É verão acordo cedo,
fito o Sol da janela
inda brilha de manhã
lindos raios à minha espera
para alegrar o dia
que nasce.


Mas não distante aponta o triste.
Nuvens formam um cogumelo.
Vêm em minha direção
e tapam o meu sol amarelo.
E faz chorar meninos
que brincavam.


E o calor que incendiava
nem de verão, nem de primavera.
De estação nuclear.


Fim dos tempos o que gritavam.
Rompimentos na cratera.
As lições não se aprendeu.


Águias e ursos: desatino
que encerra meu destino.
Me amedronta e me indigna
o pé-de-guerra que inicia.


[REFRÃO]
Apertem as mãos,
mas não esse botão.


[*]


Vê no colo da mocinha
uma linda criancinha
sonha adolescer um dia.


Troquem esses botões de dor
por um só botão de flor
e dê ao mundo o seu amor.


Fel e estrondos noite e dia.
E enfermos sem terapia.
Pede abrigo quem muito tinha.
Sente fome quem comia.


Apertem as mãos,
mas não esse botão.

(Não aperte esse botão. AAVítor, 1984)

[*] A versão final apresenta uma estrofe completa neste ponto, falando de radiação e Enola Gay, até onde me lembro, que não está na cópia encontrada.


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